Mini-entrevista
O BLOG Anajô realizou uma mini-entrevista com Arísia Barros.
Gerente Étnico-Racial da Secretaria Estadual de Educação e Esporte – desenvolve um importante trabalho na sensibilização e formação de professores, além de garantir atividades que promovam na prática das Leis 10.639/03 e 6.814/03, federal e estadual, que defendem a implementação da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na grade curricular das escolas públicas e privadas.
Arísia Barros reuniu suas idéias e experiências no livro “A pequena África chamada Alagoas", que remete à reflexão desde a capa. Confira mais informações sobre a publicação.
1. Desde quando você começou a produção do livro “A pequena África chamada Alagoas"?
O livro é uma coletânea de artigos publicados em jornais locais e na Internet. Para começar os artigos contei com o incentivo máximo do jornalista Enio Lins que participou ativamente dos encontros afros e falava sempre da importância do trabalho que está sendo feito e conversas alheias. Ele me “intimou” a colocar as idéias no papel, daí o produto final. A Editora Bagaço do estado de Pernambuco, na pessoa do Sérgio Mello nos propôs editar o material e lançá-lo na Bienal. Isso tem só um mês. E o mais legal é que o trabalho da SEEE na questão étnico-racial já se expandiu, segundo Sérgio a proposta da Editora surgiu do pioneirismo deste trabalho. Legal!
2. Quais os assuntos abordados? (temas gerais)
Sobre a relação que a escola tem com os “ditos diferentes”, principalmente, com as crianças negras. São narrações de histórias de discriminação racial acontecidas nos espaços escolares. Histórias contadas por mães, alunos/alunas e professores/professoras. É a busca de reflexão de como o racismo impede a construção da auto-estima, limita espaços sociais e de crescimento.
3. De que forma o livro poderá ajudar na educação dos alunos alagoanos (ou não) e na efetivação das Leis 10.639/03 e 6.814/07?
Como é fruto de experiências escolares, creio que ao serem partilhadas servirão de reflexão para outros professores/professoras e da importância urgente da releitura das práticas pedagógicas aprisionadas na ideologia eurocêntrica.
4. O que necessariamente da sua experiência como gestora étnico-racial contribuiu para o conteúdo do livro?
Estar à frente do Núcleo Temático agora da Gerência Étnico-Racial, da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte criou condições para que pudéssemos ver e ouvir a escola, suas resistências e seus avanços para combater a prática do racismo. Temos um conhecimento mais real de como se processa a exclusão racial.
5. Que pessoas ou instituições deram o apoio essencial para a produção desse livro?
Na verdade muitas pessoas estiveram e estão na construção. Quando os gestores da educação de Alagoas apoiaram a ação de combate ao racismo, com a criação do Núcleo Temático transformado agora em Gerência Étnicio-Racial criaram as condições de “escuta” sobre o silêncio secular em relação à história negra contada na escola. A imprensa alagoana, em particular os jornalistas Enio Lins, Flávio Gomes de Barros e Miguel Torres abriram espaço de visibilidade para nosso trabalho. É um trabalho de construção, participação, resistências.
O livro "A pequena África chamada Alagoas" foi produzido pela Editora Bagaço, será lançado no dia 24.10 (quarta) às 15hs no stand da editora, durante a programação oficial da III Bienal do Livro em Alagoas – Centro de Convenções.
A autora do livro, Arísia Barros, é publicitária e atualmente encontra-se como gerente étnico-racial da Secretaria Estadual de Educação e Esporte.
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* Produção de Helciane Angélica – Jornalista e Presidente da ONG Anajô