APNs: Carta Mensal – abril 2012
AGENTES DE PASTORAL NEGROS
Conscientização, Organização, Fé e Luta
São Paulo, 29 de março de 2012
Queridos (as) APNs do Brasil,
Ao aproximar-se o término do meu mandato, venho manifestar-lhes, de modo especial o meu agradecimento pelo vosso apoio à luta cotidiana que travei juntamente com os meus colaboradores mais próximos para conduzir a pleno êxito os Agentes de Pastoral Negros do Brasil.
Sinto-me satisfeito em assumir que na Coordenação Geral, não faltei a um só dos compromissos que assumi na data de minha posse. Graças a Deus, em muitos setores realizei além do que prometi, fazendo a entidade avançar com segurança para mais trinta anos. Pude ainda ver de perto e testemunhar a grande alegria de muitos do passado retornarem mais animados e fortalecidos para seguir ajudando no combate ao racismo e na busca permanente pela Igualdade Racial. Nossa juventude está mais atuante hoje com seu espaço de articulação política assegurada, a questão de gênero que nunca esteve ausente das nossas agendas ganha força, sobretudo com o empoderamento da mulher negra que constrói sua soberania dia-a-dia.
O diálogo permanente com os governos, a boa relação com os movimentos sociais, o fortalecimento das nossas bases e capacitação de nossas lideranças foi objeto constante da nossa agenda cotidiana. Acredito que essa deva ser o caminho a ser percorrido pela próxima gestão, mantendo sempre ao lado a Carta de Goiânia, referência constante das nossas ações para uma década conforme a Resolução aprovada à época. Deixamos um novo Estatuto Social, mais atual, mais dinâmico e que fortalece um exercício mais democrático e participativo por parte de nossos membros.
Porém, devo afirmar que não foram poucas as vezes que experimentei a solidão do poder ao longo desses meses. O silêncio de alguns me deixava nas mãos a dura decisão de tomar posições quase irreversíveis diante de ações políticas e imediatas que envolvia o cotidiano não só da nossa instituição, mas que impactava
também a vida do povo negro brasileiro, exemplo disso foi a tramitação do Estatuto da Igualdade Racial. Mas ainda assim valeu a pena, sempre valerá a pena.
Essa gestão não deixou de participar ativamente das mesas de diálogo, dos grupos de debate, das audiências públicas, dos mais diversos fóruns e conselhos com o objetivo comum do controle social e do monitoramento. E tudo para culminar no cumprimento da meta democrática.
Sejam quais forem os rumos da minha vida social e política, levarei comigo, ao deixar o honroso pleito de dirigir os APNs do Brasil, o firme propósito de continuar servindo ao povo negro, o movimento social com a mesma fé, o mesmo entusiasmo e a mesma confiança no futuro destino.
Pois reafirmo como sempre fiz, que nos Agentes de Pastoral Negros do Brasil, fiz escola. Aprendi o que é ser negro, o que é ser cidadão, o que é ser homem de fé.
Aos Malungos e Malungas, o meu muito obrigado pela confiança.
Aos membros da atual direção companheiros de jornada, Deus lhes pague pela oportunidade de caminharmos juntos.
Fé na Luta sempre!
Nuno Coelho
Coordenador Nacional
2010/2012